Ainda em quarentena… Perguntamo-nos quando terminará, como reagirão os outros a estas restrições, como nos comportaremos depois, como mudará o mundo à nossa volta e, sobretudo, quais serão as novas “regras/leituras” que nos tentarão impor.
E como nos comportaríamos se descobríssemos realmente que as únicas pessoas em quarentena no planeta somos nós? E descobrir que toda a nossa existência tem sido um jogo de mentiras para por alguém no poder e outros subjugados nas fábricas para suportar esse memso poder? Este filme conta-nos uma história semelhante, no fundo de uma guerra invisível (Segunda Guerra Mundial) que destrói casas, corpos e memórias, as personagens vivem, inconscientemente exploradas, num limbo infernal, uma fábrica de armas para uma guerra já acabada, onde se sentem em casa e desconfortáveis ao mesmo tempo.
Eles permanecem fechados neste bunker durante 50 anos, acreditando que a Segunda Guerra Mundial siga, apesar de tudo a vida continua, uns nascem, outros morrem. Amam-se, odeiam-se, traem um ao outro, casam-se, festejam, embebedam-se…
Um filme imenso sobre o qual é difícil escrever, mais do que qualquer outra coisa tem-se de sentir, mergulhar na história que Kusturica dirigiu magistralmente e analisar todas as suas contradições, tentando compará-las com aquela que é a nossa história mais recente, esta história de quarentena e imposições.
Sinopse
Filmar a política no momento da crise – da desintegração de um país, a Jugoslávia de Kusturika – como gigantesca e circence farsa. A “feérie” do cineasta de “O Tempo dos Ciganos” ao serviço de uma voragem autodestrutiva e uma mágoa explosiva. Palma de Ouro em Cannes em 1995, cinco estrelas dos críticos, filme de culto instantâneo. E, no entanto, a sensação de “overdose” não deixa de contaminar o filme. O cinema de Kusturika, priápico, a desafiar as leis da gravidade. “Underground” é uma comédia negra passada em Belgrado. Um grupo de operários jugoslavos refugia-se em abrigos subterrâneos para resistir aos bombardeamentos nazis. Passam-se 50 anos e quando voltam ao exterior… a guerra continua.