Como o definiu o actor italiano Elio Germano numa apresentação numa praça em Trastevere, em Roma, Feios, Porcos e Maus é “um acto de amor para as pessoas desprezíveis, como que para dizer que é a barbaridade urbana que cria pessoas desprezíveis, e não as pessoas desprezíveis que criam a barbaridade urbana”.
Prémio de Melhor Realização no Festival de Cannes de 1976 “Feios, Porcos e Maus” confirmou Ettore Scola como um dos mais inspiradores cineastas italianos dos nossos dias. Na verdade, Scola é um dos mais nostálgicos impulsionadores da grande sátira social ao mesmo tempo que soube reinventar e evocar de forma notável toda a tradição poética, neo-realista e romanesca do cinema italiano. Debruçando-se sem paternalismos, sem análises sócio-políticas ou mesmo juízos morais, em “Feios, Porcos e Maus” Scola constrói uma sátira espantosa, hilariante, mordaz, sórdida, desconcertante e absolutamente amoral sobre o cruel e alucinante quotidiano de uma miserável família romana “das barracas”. Uma crónica de sabor trágico-burlesco que reflecte toda a miséria humana deste nosso “admirável Mundo novo” europeu, ocidental e rico através de uma farsa truculenta, de um humor irresistível e contagiante mas ao mesmo tempo de uma amargura e de um desencanto perturbadores.