O que é surpreendente na linguagem de Pasolini é a sua pureza e simplicidade plasmada em toda a sua obra, capaz de manter a actualidade até hoje: incide a sua luz numa investigação sobre o conceito de sexualidade e a sua percepção pelo povo italiano.
Comizi d’amore é um registo incrível da Itália dos anos 60, onde os entrevistados de diferentes classes sociais se debruçam sobre temas quentes para a época – o divórcio, a homossexualidade e a emancipação das mulheres. Entre os protagonistas, destacam-se os convidados intelectuais da época, como Moravia, Ungaretti ou Fallaci.
Olhando para este passado recente – apenas há 50 anos – podemos reflectir, por exemplo, sobre a rapidez das transformações da moral de uma sociedade e como, através de lutas muito relevantes e constantes, alguns impensáveis da época representam hoje conquistas consolidadas.